Lançamentos Companhia das Letras - Setembro de 2015


 Nesta jornada através dos tempos, Simon Schama detalha a experiência judaica, de suas origens como povo tribal à descoberta do Novo Mundo, em 1492. Da Índia à Andaluzia, dos bazares do Cairo às ruas de Oxford, o leitor será levado a lugares inimagináveis. Trata-se de um épico de resistência contra a destruição, criatividade na opressão, afirmação da vida diante de obstáculos intransponíveis. O Talmude é queimado nas ruas de Paris, corpos de judeus pendem em cadafalsos espalhados pela Londres medieval, um iluminador de Palma de Maiorca redesenha o mundo. Não estamos diante de uma cultura à parte, mas de um povo influenciado por todos aqueles com os quais habitou, dos egípcios aos gregos, dos árabes aos cristãos. A história dos judeus é a história de todo o mundo.







Aos 78 anos, Teo se muda para um prédio decadente cheio de anciãos. Passa os dias ouvindo as fofocas nos corredores, nutrindo desejos eróticos pela síndica e calculando quantas cervejas pode beber por dia às custas de um pecúlio que deve durar até sua morte.

O grande evento do prédio é uma tertúlia literária: os participantes se impõem o desafio de ler os sete tomos de Em busca do tempo perdido, intercalando Proust com aulas de modelagem e ginástica aeróbica.

Com este romance, Juan Pablo Villalobos encerra a trilogia sobre o México iniciada com Festa no covil. Mais afiado do que nunca, o autor debruça-se sobre a velhice, o cotidiano e a literatura para tecer uma crítica sagaz sobre a vida em sociedade.






Primo Levi tinha só 24 anos quando foi deportado para Auschwitz, a fábrica construída pelos nazistas para exterminar judeus e minorias. Químico, Levi trabalharia junto a outro prisioneiro, o médico Leonardo De Benedetti.

Em 1945, após a libertação, soviéticos encarregaram os dois de um relatório sobre as condições de saúde dos campos. O resultado, publicado em 1946, foi um testemunho pioneiro dessa experiência atroz, que inaugura o trabalho de Primo Levi como escritor. Depois, o químico continuaria contando a experiência de Auschwitz nas histórias, pesquisas e nos comentários agora recolhidos, que, graças à coerência, clareza e o rigor do método, reforçam a potência narrativa do autor.






Lúcia é uma professora respeitada no curso de matemática da Universidade de São Paulo e sempre enxergou a vida por meio dos números. Porém, quando sua única filha desaparece sem deixar rastros, seu pensamento racional será abalado para sempre. Anos depois do sumiço da menina, a vida da professora desmoronou, ainda que, em nenhum momento, ela tenha perdido a esperança de encontrar a filha, Amélia. Sem a ajuda do ex-marido ou da polícia, ela luta como pode. E eis que a chegada de um e-mail parece conter, por fim, a pista certa de alguém que conhece o paradeiro da menina. Com um ritmo incrível e uma escrita cristalina, a autora deixa o leitor absolutamente envolvido nessa trama misteriosa e angustiante. 






"Um não é pouco; dois é bom; três é demais” — eis o slogan lançado pela China comunista em 1965 para conter o crescimento populacional. Nesse contexto, o Nobel de literatura Mo Yan dá voz a Corre-corre, um aspirante a escritor que vê a tia como heroína e quer transformar sua vida em livro.

Primeira parteira da aldeia a estudar obstetrícia, trata-se de uma mulher extraordinária, que se torna oficial do Partido e tem de levar o planejamento familiar do Estado às últimas consequências.

Não é à toa que Mo Yan é comparado a García Márquez. A riqueza da atmosfera, do imaginário, e a forma bem-humorada de tratar cenários dramáticos caracterizam a prosa de um dos maiores autores da atualidade.






Publicado pela primeira vez em 1972, Sombras de reis barbudos foi tido como alegoria do regime militar brasileiro, ao contar a história de uma cidade que recebe a Companhia Melhoramentos de Taitara, símbolo da modernidade. Aos poucos, porém, a empresa impõe uma rotina tirânica aos moradores.

Décadas depois de sua estreia literária, os críticos de José J. Veiga lançam nova luz à obra do autor, ampliando seu alcance. Embora tenham influência do realismo mágico, seus livros não se encaixam nessa vertente; exploram o universo infantojuvenil, mas vão além do romance de formação. O leitor pode agora atestar por si só por que José J. Veiga é considerado um dos melhores autores brasileiros do século XX.






Na fervilhante Madri pós-ditadura franquista do início dos anos 1980, Juan de Vere começa a trabalhar como secretário particular do cineasta Eduardo Muriel. Graças à sua função, de Vere se insere na privacidade da família, convertendo-se num espectador da união misteriosa e infeliz entre Muriel e sua esposa Beatriz Noguera.

O cineasta encarrega seu secretário de investigar um amigo, dr. Jorge Van Vechten, cujo comportamento indecente no passado foi motivo de rumores. Mas de Vere passa a tomar iniciativas questionáveis, com profundas repercussões na vida de todos. Sua atitude vai lhe mostrar que não há justiça desinteressada e que tudo — o perdão ou castigo — são decisões arbitrárias.






Mauro é roteirista dos quadrinhos de Paulo. Os dois publicam sob a alcunha de Lourenço Mutarelli, e são representados publicamente pelo bêbado Raimundo. Mas a morte de Paulo forçará Mauro a tentar uma carreira solo com O cheiro do ralo, seu primeiro e bem-sucedido livro. É quando ele recebe de um estranho uma moeda antiga, o Grifo de Abdera, e sua vida muda.

Oliver não conhece Paulo, Mauro, Raimundo ou Lourenço. Mas, quando Mauro recebe a moeda, uma conexão se forma entre eles.

É este delicioso jogo que alimenta O grifo de Abdera, primeiro romance de Mutarelli desde Nada me faltará, de 2010. Um labirinto de obsessões, taras, perguntas e mistérios, acompanhado ainda de uma longa história em quadrinhos.






O arrepiante romance gótico de Mary Shelley foi concebido quando a autora tinha apenas dezoito anos. A história, que se tornaria a mais célebre ficção de horror, continua sendo uma incursão devastadora pelos limites da invenção humana.

Obcecado pela criação da vida, Victor Frankenstein saqueia cemitérios em busca de materiais para construir um novo ser. Mas, quando ganha vida, a estranha criatura é rejeitada por Frankenstein e lança-se com afinco à destruição de seu criador.

Este volume inclui todas as revisões feitas por Mary Shelley, uma introdução da autora e textos críticos de Percy B. Shelley e Ruy Castro. E ainda um apêndice com textos de Lorde Byron e do dr. John Polidori.





Saul Bellow é um mestre da ficção de língua inglesa. Inspirados pelo seu estilo — que mistura a alta cultura com a esperteza das ruas de Chicago —, autores como Philip Roth, Martin Amis e Ian McEwan fizeram seus primeiros
voos literários.

As quatro novelas deste volume, escritas na fase final da vida do autor — Um furto, A conexão Bellarosa, Uma afinidade verdadeira e Ravelstein — são o testemunho do talento e da vitalidade do maior renovador do romance americano depois de William Faulkner. Com temas como a perseguição ao próprio passado, as tragédias do século XX, o adultério e a comédia da vida intelectual, as histórias são tão divertidas e leves quanto melancólicas e intrincadas. Um triunfo.


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